Incluir as pessoas com deficiência dentro da escola regular é um pressuposto básico para a educação no Brasil. No que se refere à inclusão dos surdos nas instituições de ensino, trazer à tona a importância da Língua Brasileira de Sinais (Libras) é o caminho para uma educação cidadã.
Dentro desta perspectiva, a Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), realizou na manhã desta quarta-feira, 26, a aula inaugural do Projeto “Silêncio Que Fala”. A atividade, executada na Escola Municipal Elisa Teles, tem como principal objetivo promover a interação e inclusão dos alunos surdos da rede municipal de ensino.
Com cinco crianças deficientes auditivas sendo atendidas pela rede municipal de ensino de Socorro, o projeto irá abranger, a princípio, os alunos do 4° ano da EMEF Elisa Teles, vez que o único aluno surdo da instituição também é aluno do 4º ano. “Nós percebemos uma dificuldade muito grande no contato desse aluno com os outros em sala de aula e vice-versa e vimos que ele não era tão regular, apesar de termos uma intérprete que o acompanha sempre que este comparece. Falamos com a família sobre o projeto e eles se comprometeram em trazer a aluno mais frequentemente à escola”, disse a coordenadora da instituição, Rosane Fontainha.
O projeto será executado pela representante da comunidade surda de Sergipe, Elaine Thiara, e a instrutora de Libras, Rosimeire Silva. “O nosso objetivo é fazer com que esse aluno possa interagir com outros colegas a partir dos conceitos básicos da Libras, como alfabeto, saudações e cores. Vemos que existe uma cultura de chamá-los de ‘mudinho’, quase nunca é chamado pelo nome, nós também vamos trabalhar essa questão”, esclareceu Rosimeire.
“O preconceito, infelizmente, está no dia a dia, por exemplo, as crianças geralmente ficam curiosas porque me vêem sinalizando. Então o fato de eu ser surda causa muita curiosidade, é chato. Outro fato é que as pessoas olham pra mim e falam: ‘Poxa, você é tão linda, mas é surda, coitada’. Tem muitas coisas que acontecem e tentam me impedir de ser livre. A luta é grande para que as pessoas abram suas mentes em relação a mim”, declarou Elaine.
De acordo com a coordenadora de Educação Inclusiva, Ana Maria, o projeto será realizado duas vezes por semana e, a princípio, segue até dezembro. “A nossa esperança é que o projeto seja um sucesso para que possamos abranger outras escolas e trabalhar esse processo de inclusão que é importante não só para o deficiente auditivo como para todos os outros alunos”, declarou.
Por: Bruna Evelyn
Fotos: Edilson Menezes