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Escola em tempo integral é destaque em Socorro

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Programas como o Mais Educação e o Segundo Tempo, adotados pela Secretaria Municipal de Educação de Nossa Senhora do Socorro, têm modificado a vida dos alunos da cidade. Desde 2010, os estudantes podem contar com a educação em tempo integral, estando mais tempo na escola e saindo da ociosidade. Além do horário regular de estudos, os alunos contam com refeições – almoço e lanches – e oficinas de letramento, matemática, recreação e esportes.

Neste ano, 26 escolas estão inseridas no Programa Mais Educação, englobando cerca de 4.000 crianças, o que faz de Socorro destaque em Sergipe. "Nossa Senhora do Socorro está de parabéns, pois na administração Fábio Henrique foi possível aderir a esse programa do MEC (Ministério da Educação e Cultura). Enquanto em Aracaju, na época da implantação, somente uma escola se dispôs a fazer parte do Mais Educação, Socorro já se dispunha a fazer em 19 escolas. Hoje temos em 26", disse o secretário municipal de Educação, Wellington Mangueira.

Ele explica que o programa é nacional e foi criado pela professora Jaqueline Moll, que entendeu aquilo que vários outros educadores já diziam: a necessidade de educação integral em tempo integral. "Integral porque ela busca a cidadania, os direitos humanos, que devem ser ressaltados, compreendidos e vividos, e é em tempo integral porque utiliza os dois turnos para que as crianças tenham mais condições de aprender matemática, letramento, mas tudo de forma lúdica, tendo à disposição também a arte de dançar, de representar, de pintar, de
compor e interpretar", indicou Mangueira.

E os resultados positivos desse trabalho já começam a aparecer, quando se percebe o amor dos alunos pela escola e a vontade de participar das oficinas. "O Mais Educação serve para fazer com que esta criança tenha gosto pelos estudos, possa competir de igual para igual com qualquer escola e também possa se afastar de drogas e desocupação", destacou o secretário.

Um bom exemplo dessa ligação de amor que se cria entre aluno e a unidade escolar está na Escola Municipal Gentil Daltro, situada no Guajará. O diretor Nilson Abílio Uanús explica que atualmente o estabelecimento de ensino abriga 150 alunos no Mais Educação e no Programa Segundo Tempo, que funcionam nos dois turnos, em horários opostos às aulas. São ofertadas quatro atividades do Mais Educação (letramento, matemática, futsal e capoeira)  e duas do Segundo Tempo (caratê e dança).

"Já tínhamos vantagem em relação a outras escolas pelo fato de termos uma quadra de esportes. Mesmo assim, ainda tivemos que adaptar uma sala vizinha à quadra. Reformamos, colocamos ventilação e ela ficou para as oficinas de letramento e matemática. Nos banheiros, tivemos que colocar chuveiros", conta. Durante todo o dia, as crianças ainda recebem refeições. "São cinco refeições que oferecemos por dia:  às 8h30 para quem entra para as oficinas; às  9h30 para o ensino regular; às 12h é servido o almoço; e às 15h30 para o regular e lanche para o Mais Educação", explicou Nilson.

O diretor conta que um dos principais focos do programa é manter o aluno fora da rua. "O maior objetivo do programa foi manter o aluno no colégio, estudando, e tirando-o da rua, dos riscos de estar fora da escola, como droga e violência. Aqui ele está seguro. Hoje temos todos os alunos fardados, com alimentação, reforço, parte esportiva. Isso é muito importante", explica, indicando que durante o período de férias os estudantes ficam pedindo logo para retornarem às aulas. Além de resultados no rendimento escolar, as atividades estão apresentando frutos na parte esportiva, com boas colocações nos Jogos Escolares (JES) e Jogos das Escolas Municipais (JEMNSS).

O pintor José Fabiano dos Santos, que possui dois filhos, de 8 e 12 anos, estudando na Escola Gentil Daltro, destaca que a educação em tempo integral tem surtido bons resultados. "Antes os meninos eram relaxados com os estudos e hoje a gente percebe mais interesse. Também melhoraram muito em casa, principalmente em relação ao comportamento. Eles gostam muito do futsal e judô", diz, enfatizando o benefício de manter as crianças na escola nos dois turnos.

Superação

Apesar das restrições do espaço físico das unidades, as escolas têm feito um brilhante trabalho para superar as dificuldades e oferecer aos alunos uma educação integral. O secretário Wellington Mangueira explica que as escolas municipais do Nordeste não tinham sido concebidas arquitetonicamente para abrigar o segundo período, não dispondo de quadras de esportes e áreas de lazer suficientes, salas de informática e bibliotecas. "Com o esforço de todos, isso tem sido construído, com o apoio do prefeito, que teve na Secretaria de Educação o instrumento capaz de estimular esse processo. Temos colhido bons resultados do Mais Educação. Ressalto que sem os diretores, vice-diretores, professores e pessoal da secretaria, esses esforços não estariam sendo exitosos. Eles se desdobram para suprir as necessidades", indicou.

As escolas municipais Acrísio Cruz, na Taiçoca de Fora;  e José do Prado Franco, no Marcos Freire, são bons exemplos desse esforço. A vice-diretora e coordenadora do Mais Educação da escola, Joselena Balbina Acrísio, explica que o estabelecimento vem se empenhando, juntamente com a Secretaria Municipal de Educação, em promover reformas para que o programa funcione de forma mais efetiva. "As oficinas são realizadas em um espaço situado à frente da escola. Após as atividades, as crianças vêm para realizar as refeições e tomar banho", contou Joselena.

No local, são realizadas as oficinas de dança, canto/coral, caratê, prevenção e promoção da saúde. "A partir da participação nesses programas, vemos uma mudança na educação, em que o aluno ocupa mais a mente, estando cada vez mais envolvido com a escola", destacou a diretora do Acrísio Cruz, Maria do Carmo. É, por exemplo, o que pode ser constatado pelo professor de caratê Denis Carlos Santos de Jesus. Ele conta que em suas aulas aborda a conscientização e a colaboração com os estudos, fazendo acompanhamento das notas, além de destacar a necessidade de respeito aos colegas e em casa.

Na Escola Municipal José do Prado Franco, as oficinas também são realizadas fora da escola, mas nem mesmo esse fator afastou o interesse dos estudantes. De acordo com a diretora Djanira Nascimento, as atividades do Mais Educação ocorrem em uma área no Sesi, enquanto a escola está providenciando os espaços  para o programa. Lá, 120 alunos participam das oficinas de letramento, matemática, GRD, recreação e dança, além do caratê, futsal, capoeira e remo, este último do Projeto Navegar, do Ministério dos Esportes e que está inserido no Segundo Tempo.

"Já podemos notar a mudança de comportamento, aceitação e amor pela escola. Nós conseguimos, principalmente através do esporte, tirar o aluno da rua e trazer para mais perto de nós. Para mim, o esporte é vida e saúde e temos colhido bons resultados nas competições esportivas", destaca a diretora. Entretanto, na opinião de Djanira, a real avaliação do desenvolvimento do programa nas escolas só será possível com o passar do tempo. "O programa é novo e, por isso, precisa de tempo para trazer resultados", disse.

Programa

A coordenadora Municipal do Mais Educação em Socorro, Maria Edleide Santos Silva, explica que o programa veio para atuar na erradicação do trabalho infantil, retirar as crianças das drogas e com o objetivo de formar cidadãos a partir da interação entre escola e comunidade. "O MEC entende que para se formar cidadãos deve-se ir além dos muros das escolas e é necessário que se comece a resgatar os espaços públicos que são tomados por malfeitores e por drogas. O programa tem que trabalhar em parceria com a comunidade para que ela se transforme em um espaço educativo. Por isso que ele não funciona só nas escolas, mas nas praças, igrejas, associações de moradores, centros espíritas", apontou.

Na educação integral, a criança até o nono ano escolar fica em média sete horas dentro da escola durante os dois turnos. Em um horário tem aula regular e no outro participa das oficinas. Durante o tempo em que está na escola, elas recebem alimentação, lanches e banho. "É uma parceria entre o MEC e os municípios. O Ministério proporciona a estrutura para que as oficinas aconteçam e as escolas oferecem os espaços e os coordenadores", contou Edleide.

Os macrocampos a serem trabalhados durante as oficinas são escolhidos por cada escola, de acordo com as necessidades da comunidade: artes, esportes (dança, caratê, capoeira), fotografia, letramento (português), matemática, rádio escola e jornal escolar. A avaliação do programa fica por conta do Comitê Metropolitano, composto de integrantes de todos os municípios que possuem o programa, que acompanha os depoimentos de coordenadores municipais, estaduais e oficineiros.

"O programa em Socorro tem sido um sucesso, apesar das escolas não possuírem toda a estrutura ainda. Mas já temos algumas escolas que atendem ao programa de uma maneira satisfatória com banheiros para as crianças tomarem banho, refeitório, a exemplo das escolas Gentil Daltro, Padre Pedro e a Apulcro Mota. A gente fica muito feliz com a procura que estamos tendo. Há pais que estão tirando crianças das escolas do estado para colocá-las nas do município por conta do programa e, com isso, tivemos nos últimos anos um crescimento no número de matrículas", afirmou.

Além da parte esportiva, o Mais Educação em Socorro tem se destacado com os grupos de dança, que abriram o I Encontro Estadual do Programa, além dos Canarinhos de Socorro, formado por alunos do colégio Padre Pedro.

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