Foi realizada na noite da última terça-feira, 31, uma audiência pública no Centro Cultural Maria Ribeiro Franco, situado no município de Nossa Senhora do Socorro, para avaliação do Relatório de Impacto do Meio Ambiente – Rima – do projeto de Usina Termoelétrica que poderá ser implantada na cidade. Estiveram presentes ao evento representantes da Administração Estadual do Meio-Ambiente – Adema -, da administração municipal de Socorro, da empresa Ellobras Infraestrutura e Participações Ltda. e moradores de diversos povoados, como Tabocas, Oiteiros, Bita e Calumbi. O objetivo foi esclarecer a população socorrense sobre os lados positivo e negativo da instalação da usina na localidade.
Durante o evento, os integrantes da Ellobras realizaram a apresentação institucional da empresa, seguida de apresentação técnica sobre o projeto, indicando as vantagens e impactos da usina, além da possível localização. "Estamos buscando a licença prévia para implantar essa térmica aqui em Socorro, nas proximidades das BR-101 e 235. Será um empreendimento de 176 MW de capacidade de geração. E, como é uma exigência do órgão ambiental que tenha a audiência pública, nós nos propusemos a realizar esse evento aqui no Centro Cultural de Socorro", explica a advogada ambiental Ana Paula Assis, da Ellobras.
O secretário de Meio Ambiente de Socorro, professor Manoel Messias, aponta que a possibilidade de implantação de usinas termoelétricas foi sugerida pelo Governo Federal, como forma de garantir a constância de energia. "Como se sabe, o nosso maior volume energético, quase 90%, é através dos rios. Mas como existem as mudanças climáticas, o governo quer garantir a continuidade efetiva de energia. Então foram realizados alguns leilões para que as termoelétricas garantam, em uma emergência, o fornecimento de energia para a comunidade. No caso daqui, será uma usina alimentada a diesel", diz.
Na opinião do secretário, para a cidade, essa implantação é positiva, porque o pólo industrial e o número de habitações de Socorro estão crescendo e esse tipo de empreendimento pode auxiliar nesse desenvolvimento. "O empreendimento traz ainda incentivos fiscais e empregos para pessoas da comunidade", destaca o secretário Manoel Messias.
Audiência Pública
O diretor-presidente da Adema, Genival Nunes Silva, explica que a Audiência Pública é um momento do processo de licenciamento ambiental. "Como as termoelétricas, no caso das movidas a diesel, têm um índice de poluição significativo, então a legislação coloca a necessidade de produção de um estudo de impacto ambiental e um relatório de impacto ambiental. Esse relatório foi produzido, entregue na Adema, que cobrou uma audiência pública", indica.
Segundo ele, esse tipo de evento é necessário para que a comunidade interessada possa entender o que é o projeto, quais deverão ser as medidas mitigadoras que a usina vai proporcionar para atenuar essa poluição, quais os impactos sociais, o que haverá de benefício social, o que vai trazer de benfeitoria para o município em termos de ICMS, de incentivos fiscais. "Tudo isso está sendo registrado para que faça parte do processo de licenciamento ambiental e tudo o que for aqui discutido será relevante na análise", explica Genival.
A moradora Cláudia de Oliveira Sales, que reside na sede do município, diz aprovar a implantação da usina. "Na minha opinião, ela trará muita benfeitoria em casos de apagões, além de gerar empregos", diz. Na opinião do vice-prefeito de Nossa Senhora do Socorro, José Job de Carvalho Filho, a existência do empreendimento no município, deverá gerar poucos empregos e terá diversos impactos ambientais. "Em termos de audiência pública, eu acho um avanço, porque é neste momento que há a exposição de todas as partes. Ao meu ver, é um empreendimento grande com forte impacto, numa zona urbana, de crescimento do município", opina.
Produção
Genival aponta que a usina que poderá ser instalada em Socorro será de grande porte e poderá abastecer tranquilamente uma cidade como Aracaju. "Ela produzirá energia quando necessário, como, por exemplo, se houver problema de fluxo de água nas turbinas das hidrelétricas, então, gasta-se das termoelétricas, que só entrarão em atividade se houver necessidade. Mas, mesmo parada, a usina produzirá receita e emprego", diz o diretor-presidente da Adema.
Segundo Genival Nunes, na usina termoelétrica, as turbinas são giradas pela produção energética do óleo diesel, transformando água em vapor, que possibilita o movimento. Já nas hidrelétricas, as turbinas são giradas pela movimentação da água.