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Bebida fabricada na Taiçoca de Fora faz sucesso

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Canela, cravo, cachaça e muita alegria. Esses são alguns dos ingredientes que fizeram famosa uma bebida fabricada há cerca de seis décadas pela dona de casa Maria Cenira Santos, 82 anos, que reside no povoado Barreiras, na Taiçoca de Fora, município de Nossa Senhora do Socorro. Mas o nome excêntrico também ajudou muito para que a fama do aperitivo se espalhasse.

Batizada de “rola”, a bebida já foi tomada por diversas pessoas no município e chegou a ser até pauta para um programa de televisão voltado para o período junino. Ainda muito desconfiada para pronunciar o nome do produto, a dona Cenira conta que começou ainda cedo o seu interesse pela fabricação da cachaça.

“Mais ou menos em 1946, umas mulheres de São Cristóvão vieram passar o São João na casa de um padrinho meu e fizeram a bebida, mas não ensinavam como fabricava. Eu ficava então de ‘butuca’ com as filhas do meu padrinho, e aprendi. E foram elas que deram o nome”, conta a idosa. Entretanto, ela declara não saber o porquê da denominação, mas lembra que na época ficava ainda mais complicado falar o nome por conta do conservadorismo da sociedade.

“Eu fazia a bebida, mas não dizia o nome. Nunca disse. Em época de São João, o povo vinha pedir para eu fazer a bebida, mas eu nunca colocava o nome”, enfatiza. Mas ela conta que há cerca de quatro anos, quando os filhos e netos mostraram interesse pela bebida, eles começaram a dar nome ao produto. “Eles ficaram dizendo que era besteira, pois rola é o nome de um passarinho e não tinha que me preocupar”, declara.

Dona Cenira conta que a fama da ‘rola’ se espalhou de tal forma que até o ator Pierre Feitosa, que faz o quadro ‘São João da Gente’, da TV Sergipe, esteve em sua casa. “Quando ele esteve aqui, meus filhos colocaram na garrafa o nome ‘Rola do Bam’, que é o apelido de meu esposo João Bispo. Aí ele ficou tirando sarro da cara dele, dizendo que ‘ela’ estava famosa”, lembra.

Depois disso, até os próprios familiares passaram a usar a brincadeira, que sempre acaba rondando o nome da cachaça. E dona Cenira coleciona diversas histórias divertidas. “Quando a gente está dançando e já é madrugada, as mulheres pedem e as mais afiadas começam a mandar ‘bote pra cá a de meu compadre, bote pra cá a de meu avô’. É uma graça”, fala, timidamente, a dona de casa. Aí, segundo ela, a brincadeira se estende pela noite no arraial.

Sucesso

Embora a dona de casa fabrique diversas bebidas, como as batidas de cajá, tamarindo, maracujá e o licor de jenipapo, é mesmo a ‘rola’ o seu carro-chefe. “Tem gente que vem aqui na Barreira só para fazer encomenda da bebida. Uma moça uma vez encomendou 20 litros para a formatura da filha”, fala a idosa, divertindo-se ao lembrar os episódios que envolvem o produto.

“Quando está no São João e as pessoas já tomaram um pouco, começa a brincadeira. As mulheres ficam mais assanhadas e os homens, animados”, diz. Ela lembra que a propaganda é feita mesmo de boca a boca.

Brincadeira

A cachaça já faz parte do cotidiano da comunidade que ganhou até verso no dia de pegar o mastro. “No dia 1º de junho a gente planta o mastro e quando é para tirar a gente canta o verso da rola”, diz dona Cenira. Ela explica que todos ficam em uma roda em torno do mastro e cantam, batendo palmas:

“Esse nosso batalhão/ formado em união/ vamos plantar esse mastro/ em louvor a São João.// Glorioso São João, viemos te louvar/ e o dono da casa mandou nos chamar.// Mandou nos chamar, porque tem o que dar/ tem doce de coco, doce de araçá/ doce de araçá pra gente saborear.// Nós cantamos e dançamos como um passarinho/ como um passarinho que posou no galho/ procura agasalho dentro do seu ninho”.

E, para completar, o verso que inclui o nome da bebida:“Temos muito aperitivo com muito sabor/ cachaça, batida, também tem licor/ também tem a rola que a todos alegra/ pra velho e moço e toda a galera”.

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