Cores, dança e muita alegria fazem do samba de coco uma das principais manifestações folclóricas do município de Nossa Senhora do Socorro. É ao som da zabumba, da caixa, da cuíca, do ganzá e do pandeiro que as mulheres balançam as saias estampadAs e batem os tamancos, contagiando a plateia, que logo entra no ritmo da dança. No município, a principal responsável pela permanência dessa manifestação cultural é a dona de casa Maria Cenira Santos, 82 anos, que reside no povoado Barreiras, na Taiçoca de Fora.
Ela conta que atualmente encontra dificuldades em dar continuidade à festa, pois os jovens não têm demonstrado tanto interesse no samba de coco. Mas antigamente, quando chegou ao povoado, aos oito anos, era tudo diferente. “Quando cheguei aqui já encontrei a brincadeira, que era comandada por meu padrinho João Batista, conhecido como João Preto. Tinha tudo: Chegança, Reizado, festa de São João. Em 1948, eu me casei e aí meu padrinho disse que ele já estava velho e que eu e meu esposo deveríamos levar a brincadeira adiante para ela não acabar. E parece que os anjos disseram amém”, lembra Cenira.
A dona de casa diz que, antigamente, como a Taiçoca era formada somente por sítio, os homens saíam com candeeiro na cabeça e atravessavam toda a comunidade cantando. “Eram os chamados batalhões, que eram os blocos, e chegavam nas portas e tocavam. Hoje em dia, a gente fica brincando só no arraial”, conta, referindo-se a um espaço montado em frente a sua casa.
Cenira enfatiza que atualmente o local – que foi idealizado por sua família – está estruturado, mas nem sempre foi assim. “Ele foi criado mais ou menos em 1984 e era de palha e todo o ano a gente precisava mudar o material. Depois colocamos plástico, mas as madeiras ficavam ruins e a gente sempre tinha que trocar”, recorda. Foi somente na atual administração do município que a dona de casa pôde ver seu sonho concretizado. “A prefeitura apoia a nossa atividade e eles fizeram até o arraial para a apresentação do grupo. Isso é muito importante e nós só temos a agradecer”, fala, emocionada.
Dificuldades
Dona Cenira conta que o grupo era formado por 45 mulheres e vinte e poucos homens. Mas agora está em dificuldade por conta da falta de interesse das pessoas mais jovens. “Antes o samba de coco era formado por muitos idosos que com o tempo vão deixando de brincar. Os mais novos nem sempre se interessam. Hoje, o grupo é formado praticamente por pessoas da família”, diz.
As apresentações também estão diminuindo, mas ela lembra que o grupo chegou a participar de diversos eventos, como feiras culturais, recebendo até troféus. Este ano, por conta de problemas familiares de dona Cenira, o grupo não se apresentou no São João. “De vez em quando somos convidados para apresentações em escolas, como ocorre no dia do Folclore (22 de agosto)”, declara. Mas ela garante: “eu adoro a brincadeira e enquanto puder eu vou brincar”, aponta a dona de casa.