A cada quinze segundos uma mulher é espancada no Brasil. Por esse índice alarmante e para reforçar a necessidade de se conter a violência, a Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, por meio da Secretaria de Combate à Pobreza e Assistência Social, realizou a 1ª Caminhada pela Paz. Com lenços brancos simbolizando a paz, centenas de mulheres percorreram cerca de seis quilômetros, do conjunto Marcos Freire até o Mutirão no João Alves, na tarde da última quinta-feira (dia 05). A caminhada também alertou para os problemas enfrentados pelas mulheres em relação à saúde, trabalho e violência – fisica, psicológica e moral. Também foi distribuído material informativo sobre a Lei Maria da Penha e preservativos.
A grandiosidade do evento chamou a atenção da população e contagiou, especialmente, as mulheres que saíram na porta para assistir a caminhada. A professora primária Maria José Olímpia, 58 anos, dançou com um grupo de vizinhas, na porta da casa. “Sou favorável a esses tipos de evento, porque chama a atenção de todo mundo”, comentou alegre a professora. A dona de casa Rosalice Santos, 50 anos, acompanhada da filha Rosaline Santos Oliveira, 25 anos, também aprovou a iniciativa da Prefeitura. “Tomara que essa violência um dia acabe”, torceu Rosaline.
Presente ao evento, o prefeito Fábio Henrique fez questão de conduzir a caminhada, chamando atenção para a necessidade de denunciar as práticas de atos de violência. Por onde passou, ele saudou as mulheres socorrenses parabenizando-as pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 08 de março. “Não devemos esquecer a importância do papel da mulher na sociedade e seus direitos. Devemos incentivar as denuncias para romper com o ciclo de violência”, enfatizou o prefeito.
A coordenadora do evento, a secretária Silvia Fontes, disse que a caminhada representa um momento de reflexão para que a sociedade possa repensar os direitos das mulheres. “Esse ato é só o início do que faremos no decorrer desse mês de março”, comunicou a secretária.
Já a delegada Lara Schuster, da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis de Socorro, elogiou a iniciativa da Prefeitura de Socorro e lembrou da necessidade da conscientização das pessoas de forma geral. “Iniciativas como essas servem para fortalecer e divulgar os direitos e garantias asseguradas pela constituição”, declarou a delegada.
Enquanto a coordenadora Estadual de Políticas Públicas para as Mulheres, Neusa Malheiros, lembrou que a violência contra a mulher é um problema social grave, que atinge todo o país. “É preciso coragem para lutar contra o problema. Quero dizer que hoje também é um dia de reflexão sobre o verdadeiro papel da mulher da sociedade”, salientou ao acrescentar que as ações devem começar pela divulgação da Lei Maria da Penha. “Com o conhecimento dessa lei o ciclo de violência pode ser combatido”, garantiu a coordenadora.
O deputado federal Eduardo Amorim, que também acompanhou todo o ato, defendeu o combate à violência doméstica, que vem crescendo a cada ano no Brasil. “As pessoas, especialmente as mulheres, não devem se calar, mas denunciar qualquer tipo de violência”, afirmou o parlamentar.
Homenagem – No encerramento da caminhada, ocorrido no Mutirão do João Alves, o prefeito Fábio Henrique pediu, aos participantes do evento e a população local, um minuto de silêncio em homenagem a Jéferson Ramos da Silva, 19 anos, morto na semana passada por membros de uma das torcidas organizadas de futebol de Aracaju. “Não devemos compactuar com qualquer tipo de violência. Quero dizer que tenho um carinho especial pela comunidade do Mutirão, aqui vivem pessoas dignas que trabalham para sustentar suas famílias”, enfatizou o prefeito.
Ele também aproveitou para informar que a Prefeitura irá realizar o carnaval do Mutirão no próximo ano. A caminhada também reuniu os deputados estaduais, Celinha Franco e Zeca da Silva, o deputado federal Jackson Barreto, vereadores e lideranças do município, além do secretariado.
História – Em 8 de março de 1957, foi realizada a primeira greve norte americana conduzida apenas por mulheres operárias que trabalhavam numa fábrica de tecidos, em Nova Iorque. Na época elas, paralisaram as atividades para reivindicar melhores condições de trabalho como, redução na carga diária para dez horas – as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário; equiparação de salários com os homens e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
A manifestação foi reprimida com violência pelos donos da empresa e policiais. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada, causando a morte de cerca 130 tecelãs carbonizadas.
Em 1910, durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres, na Dinamarca, foi proposto que o dia 8 de março fosse declarado o Dia Internacional da Mulher, em homenagem às operárias da fábrica de Nova York. Em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas – ONU.