O Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras) comemorado nesta quarta-feira, 24, foi celebrado com importantes ações em Nossa Senhora do Socorro, através do registro dos avanços no cenário educacional do município, na perspectiva de uma educação inclusiva.
O Dia Nacional da Libras foi instituído em 24 de abril por ser a data da publicação da Lei 10.436/02. Este projeto de Lei atendeu a reivindicação da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) dedicada à causa das pessoas surdas no país considerando o reconhecimento da Libras como a segunda língua oficial do Brasil.
Entre a ações realizadas pela Prefeitura em comemoração à data esta a oferta do Curso de Libras, módulo I e II, que a Gestão Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), irá disponibilizar aos profissionais de educação e demais interessados, a partir do próximo dia 30.
A secretária de educação, Josevanda Mendonça Franco, reforça que a sociedade necessita ter a conscientização que Libras é a segunda língua oficial do País. De acordo com ela, faz-se necessário o seu reconhecimento e valorização. “Quando refletimos na efetivação de uma educação numa perspectiva inclusiva é notório que a Semed tem uma preocupação em assegurar a este público as condições para um pleno desenvolvimento. O nosso trabalho visa garantir o sucesso das crianças e adolescentes surdos ou com deficiência auditiva”, anuncia a secretária.
A Rede Municipal de Ensino possui cinco alunos surdos que contam com tradutores/intérpretes em sala de aula para garantir uma educação bilíngue. Além disso, a parceria firmada entre a Semed e Instituto Pedagógico de Apoio à Educação de Surdos de Sergipe (Ipaese) garante o atendimento de 25 estudantes socorrenses com surdez ou deficiência auditiva.
Semed oferece curso de Libras
O curso de Libras terá início no dia 30 de abril e conta com 25 vagas. As aulas acontecem semanalmente, na terça-feira, no turno da tarde, no Auditório do Centro Pedro Rogério, localizado no Conjunto Marcos Freire I. A instrutora de Libras, Rosimeire da Conceição Silva, destaca que a iniciativa da Semed, em ofertar a formação, tem como objetivo atingir os pais dos alunos surdos e demais interessados em aprender a Língua. “O pré-requisito para se matricular, no módulo I, é ter no mínimo 18 anos, e para estudar o módulo II é preciso ter concluído o I”, diz Rosimeire, ao comentar que a iniciativa já se consolidou.
“O curso é oferecido há uma década. Trata-se de uma iniciativa importante, pois além de efetivar a educação na perspectiva inclusiva, a difusão do conhecimento promove também a eliminação do preconceito”, observa a instrutora. “Quando a Semed oferta este curso demonstra a preocupação e responsabilidade com a educação inclusiva. Além disso, capacita os profissionais para atender o que preconiza o decreto 5.626 de dezembro de 2005”, complementa.
A autônoma, Sheyla Godoi, passou para o módulo II do curso de Libras. Para ela, ao ampliar os conhecimentos sobre a Língua facilitou ainda mais a comunicação com a sua filha que tem surdez. “Participar do curso é uma experiência enriquecedora. Gosto da aula e da metodologia aplicada. Rosimeire é uma ótima professora, ela é atenciosa e tira as dúvidas. A minha filha ficou feliz ao perceber que passei a me comunicar melhor com ela”, expõe Sheyla Godoi, ao informar que além do acompanhamento no Ipaese, na unidade de ensino a sua filha é atendida na sala de recursos multifuncionais.
Parceria com o Ipaese
A coordenadora da Educação Inclusiva, Ana Maria Santos, relembra que a parceria com o Ipaese foi firmada em 2013 com o intuito de garantir e ao mesmo tempo expandir o atendimento educacional aos alunos surdos ou com deficiência auditiva. “O Ipaese é uma instituição única, sem fins lucrativos, na oferta desse serviço no Estado de Sergipe. O convênio atende, atualmente, 25 alunos do nosso município.
Vale ressaltar, que apesar de mantermos esta parceria a intenção da equipe de Educação Inclusiva é promover e efetivar a inclusão dos estudantes em salas de aulas regulares. Na rede Municipal de Ensino encontram-se matriculados cinco alunos surdos, todos contam com tradutores/intérpretes de Libras na turma”, apresenta Ana Maria dos Santos, ao comentar que a Semed disponibiliza o transporte para os alunos.
O Ipaese deu início às suas atividades com apenas seis crianças. O instituto foi fundado em 27 de dezembro de 2000 por um grupo de pais e crianças surdas, se consolidando com a primeira escola especializada para este público em surdo. No ano de 2005 o Ipaese atendeu 40 alunos, 60 em 2006 e atualmente conta com mais de 120 estudantes matriculados entre o Ensino Fundamental Menor, Ensino Fundamental Maior e Ensino Médio Integrado à Informática. “A parceria com o Instituto é de suma importância para a comunidade surda. No Ipaese os nossos estudantes têm contato com alunos e professores surdos o que é crucial para o seu desenvolvimento” explica a assessora técnica, professora Sandra Baldin.
Inclusão
A Semed busca promover a inclusão nos diversos âmbitos. A servidora Elaine Thiara Viana é surda, ela é auxiliar administrativa no Núcleo de Atendimento Educacional Especializado (NAEE). A jovem relembra que foi aprovada no concurso de 2011/2012. De acordo com ela, em seu ambiente de trabalho o aprendizado é diário.
“A educação do surdo tem que ser bilíngue e, além disso, a Libras é a melhor maneira de comunicação para pessoas com surdez. Se compararmos ao período que eu era estudantes é inegável que os alunos se deparam com outra realidade”, diz, ao comentar acerca dos avanços. “A sociedade precisa se conscientizar que Libras é a segunda língua oficial do nosso País.
Para Rosimeire da Conceição Silva a convivência com Elaine Thiara Viana promove muito aprendizado acerca dos desafios das pessoas com surdez. “Contamos com a colaboração de uma profissional altamente preparada e comprometida. Esta realidade demonstra que além do espaço escolar, é possível efetivar a inclusão no mercado de trabalho”, ressalta.
Prestação de serviços educacionais aos estudantes com surdez
A Rede Municipal de Nossa Senhora do Socorro atende o que determina o decreto n° 5.626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de abril de 2002, e o artigo 18 da lei n°10.098, de 19 de dezembro de 2000, que exige a inclusão da língua de sinais como disciplina curricular e a formação do professor de Libras e do instrutor.
“Na Rede Municipal temos quatro tradutores/intérpretes. Todos os profissionais foram aprovados no Concurso 2011/2012 e contamos também com uma instrutora de Libras”, apresenta Sandra Baldin, ao reforçar que o município de Nossa Senhora do Socorro cumpre com o que determina a Lei.
Conforme o que determina o artigo 2° do decreto n° 5.626, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Libras. Já deficiência auditiva é quem teve a perda bilateral, parcial ou total, de 41 decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.00Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.
Por: Lívia Lessa