Dando continuidade nas ações da Campanha dos 21 dias de ativismo no combate a violência contra mulher, a Secretaria Municipal da Assistência Social (SMAS), por meio da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (CMPPM), realizou na manhã desta terça-feira, 23, uma live pelo canal no YouTube da Prefeitura de Socorro. O objetivo foi debater ações e políticas públicas para combater o racismo e a violência doméstica que atinge em maior proporção mulheres negras.
A secretária adjunta da SMAS, Aída Santana, falou sobre a necessidade de espaços como o proposto pela live para falar sobre racismo. “Esse é um espaço necessário e fico feliz sempre que podemos reunir tantas pessoas representativas para essa conversa que nos enriquece em conhecimento e troca de experiências”, afirmou.
Convidada especial para o debate, a militante do movimento feminino negro em Nossa Senhora do Socorro, Roberta Venâncio, destacou as lutas e as maiores dificuldades que o povo preto enfrenta diariamente. “Como mãe, mulher negra, empreendedora, militante e tantas outras funções que desempenho sei de perto todos os perrengues que enfrentamos diariamente. Para nós mulheres negras tudo é mais difícil quando, na verdade, tudo que precisamos é de oportunidades igualitárias. Nós sabemos que podemos ocupar espaços de destaques, mas o que acontece é que quando os ocupamos, ainda precisamos provar diariamente que somos dignos do espaço. O racismo estrutural está, infelizmente, ligado às origens do nosso país, em uma população totalmente miscigenada”, pontuou.
O Promotor de Justiça e Coordenador de Promoção de Igualdade Étnico Racial (COPIER) do Ministério Público de Sergipe, Luís Fausto Dias de Valois Santos, destacou a importância de mantermos vivos nossos heróis negros, para que crianças e adolescentes tenham referências na luta contra o racismo. “É preciso que se tenha em quem se espelhar, heróis negros em que os nossos jovens possam olhar e desejar conquistar melhores condições de vida, assim como é necessário oportunidades. Costumo dizer que não basta só a gente querer, é preciso que nos deixem chegar nas posições de brilho. Nisso a minha mãe, Luislinda Valois, é o meu maior exemplo de mulher negra que venceu, mas ainda poderia citar inúmeras situações de racismo e preconceito que enfrentamos diariamente, que é tão comum a toda população negra”, revelou.
Emocionada pela complexidade do debate, a mediadora da conversa, a coordenadora da CMPPM em Nossa Senhora do Socorro, Lorenna Bastos, compartilhou as vivências de sua irmã, mulher negra, nordestina, professora residente no Paraná, vítima de várias situações de racismo, inclusive em sala de aula. “Enquanto mulher branca, minha fala é sobre o que a minha irmã divide comigo, das vezes que ela me relata episódios de discriminação na cidade onde mora. Na ciência de que não não preciso ser negra para lutar contra o racismo, visto que essa deve ser uma luta de toda a sociedade”, enfatizou.
Participaram ainda da live, a presidente do Conselho Municipal dos direitos das crianças e adolescentes, Michelle Marry, a chefe de gabinete da Prefeitura, Ellen Santos, a coopeira Dona Emília e a jornalista da SMAS, Ana Lúcia Carmo.
21 DIAS DE ATIVISMO
PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
Em 1991, 23 mulheres de diferentes países ligadas ao Instituto de Liderança Global das Mulheres, lançaram a Campanha dos 16 dias de Ativismo com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência de gênero. No Brasil, são 21 Dias de Ativismo que ocorrem entre os dias 20 de novembro ( Dia Nacional da Consciência Negra) e 10 de Dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos). Esta Campanha integra o planejamento anual da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres – CMPPM, órgão vinculado a Secretaria Municipal de Assistência Social – SMAS, que fomenta ações educativas de mobilização.
A Campanha vincula a denúncia e a luta pela não violência contra as mulheres à defesa dos direitos humanos. Combater a violência doméstica e familiar é pauta constante no município de Nossa Senhora do Socorro, que não tolera violência contra a mulher.